segunda-feira, 20 de abril de 2015

AURORA MIRANDA - O Centenário da Nossa Outra Pequena Notável



Há 100 anos nascia a querida cantora AURORA MIRANDA.


Preparei esse texto em sua homenagem me baseando no trabalho da jornalista e pesquisadora Thais Matarazzo, NAS ONDAS DE: AURORA MIRANDA, A OUTRA PEQUENA NOTÁVEL, de 2002. Thais generosamente me cedeu suas fotografias para que nosso blog homenageasse Aurora Miranda. Também agradeço ao pesquisador Nirez (Miguel Ângelo de Azevedo) por fotos cedidas ao nosso blog e pelas gravações de Aurora Miranda que estaremos disponibilizando nas próximas postagens.



AURORA MIRANDA


Aurora Miranda da Cunha nasceu há exatos cem anos, no dia 20 de abril de 1915, no Rio de Janeiro. Filha de Maria Emília de Barros Miranda da Cunha e José Maria Pinto da Cunha, ela nasceu às seis da tarde na Rua da Candelária, nº 50, no centro do Rio de Janeiro.

Aurora era a caçula das mulheres, que contava com Olinda, Maria do Carmo (ambas nascidas em Portugal), Amaro, Cecília, Aurora e, depois viria Oscar (os quatro nascidos no Brasil).

Para ajudar nas finanças da família, seu pai aluga dois terços dos cômodos da casa. 

Sua infância foi na boêmia Lapa, onde morava à Rua Joaquim Silva, nº 54, casa 04. Infância feliz ao lado dos irmãos. Mesmo tímida, gostava de cantar ao lado de Maria do Carmo e Cecília.


Aurora Miranda aos seis anos de idade.
No verso, a dedicatória escrita por Aurora:
"Aos meus queridos pais com penhor de eterna amizade e gratidão.
Oferece a sua querida Aurorinha. Rio de Janeiro, 4 de junho de 1921”.



Dos sete aos doze anos, Aurora frequentou o Colégio de Santa Tereza, indo depois para o extinto Colégio de Belas Artes, onde ficou dois anos aproximadamente. Depois ainda iria estudar português com um professor particular em sua casa.


No ano de 1925 sua família mudou-se para a Travessa do Comércio, nº 13, no Centro do Rio de Janeiro, logo depois do Arco do Telles, na Praça XV. Sua mãe dirigia uma pensão para ajudar o esposo. Foi nessa época que a filha mais velha, Olinda, que era a mais animada e festiva de todas, adoeceu. O diagnóstico era tuberculose e o tratamento mais indicado estava em Portugal. Os pais enviam Olinda para Marco de Canavezes, onde ela e Maria do Carmo haviam nascido, para um tratamento intensivo. Isso fez com que as despesas aumentassem. Maria do Carmo e Amaro (Mário) deixam a escola e passam a trabalhar, enquanto os irmãos menores Cecília, Aurora e Oscar auxiliavam D. Maria Emília na pensão.

O ano de 1928 trouxe alegrias para a família. Maria do Carmo, também conhecida como Carmen, gostava de artes e música. Como a pensão de sua mãe também servia almoços, vários artistas e amantes das artes frequentavam o local. Calhou da garota ser apresentada ao compositor Josué de Barros que se encantou com a graça e o seu potencial. Em 1929, Carmen, agora Carmen Miranda iniciava uma bem sucedida carreira como cantora no disco e no rádio.

Aurora, amiga inseparável de Carmen, a tudo presenciava, acompanhando a irmã desde sua primeira aparição profissional. Na ocasião, uma homenagem ao compositor Ernesto Nazareth, organizada no Instituto Nacional de Música pelo deputado Aníbal Duarte, Aurora aparece, aos treze anos, ao lado de Carmen segurando um violão.

Em destaque, Aurora Miranda, aos treze anos de idade
na estreia como cantora da irmã Carmen, ao seu lado.


O sucesso de Carmen foi fundamental para a família e o tratamento de Olinda, que veio a falecer em Portugal, em 1931, aos 23 anos de idade.

Em 1965, Aurora Miranda recordava como iniciou sua carreira. Em uma conversa com Elizeth Cardoso em seu programa Bossaudade, que foi ao ar em junho de 1965 pela TV Record de São Paulo, ela relembrou:

“Eliseth Cardoso: - Bem, nosso público está sendo ansioso para que eu faça algumas perguntas a você?

Aurora Miranda: - Como não?

Eliseth Cardoso: - Gostaríamos que você nos dissesse quando foi e como você iniciou no rádio?

Aurora Miranda: - Foi muito engraçado. Foi assim, sempre por acaso, às vezes que a gente inicia nossa carreira, né? É porque assim um programa de rádio que faltava alguém então precisava encher assim um bocadinho de tempo, cinco minutos, não tinha o que fazer. Quem é que está por ai?  Ah, vem cá você Aurora, vem cá, canta uma coisinha, vem cá depressa”.


Aurora possuía uma linda voz, com grande extensão. Isso chamou a atenção de Josué de Barros. A garota não tinha muito interesse em ingressar no meio artístico, pois, cantava só alguma coisa quando precisava, uma vez ou outra. Em 1932, o Programa Casé passou a ser transmitido pela rádio Mayrink Veiga. Josué pediu que Aurora cantasse em um domingo. Em 08 de abril de 1932, ele ensinou-lhe uma canção de sua autoria. Josué, Carmen e Mastrângelo, diretor da Mayrink, convenceram a resistente Aurora a se apresentar. Com muita vergonha ela cantou. Cantou e agradou. Depois de um tempo parada, foi convidada por Joaquim Antunes para participar do Esplêndido Programa, que Waldo Abreu mantinha aos domingos, durante o dia. 

A partir de então, ela passou a se dedicar à sua carreira.

Logo depois, a gravadora Odeon a convidou para gravar um disco. E, logo de início, fazendo dueto com o maior cantor da época: Francisco Alves. Foi um sucesso, a parceria foi muito agradável, estando os dois bem desenvoltos. O ano era 1933 e eles registravam na cera Cai, Cai Balão, marcha de Assis Valente e Toque de Amor, samba de Floriano Ribeiro de Pinho.

A garota de dezoito anos impressionava o público.

O jornalista e compositor Orestes Barbosa escreveria no jornal A Hora, de 06 de julho de 1933, sobre seu disco de estreia: Aurora Miranda é um dos encantos novos nos estúdios. É irmã de Carmen Miranda, tem valor cantando e alia o mérito artístico a fidalguia no trato pessoal. Não fala. Canta e sorri. Aurora Miranda gravou com Francisco Alves. Já gravou na Odeon uma marcha semelhante a que sua irmã gravou na Victor. ‘Cai, cai, balão / Você não deve de subir...’. O leitor pode não gostar muito desse ‘não deve de’, mas está no disco e nós e que não podemos derreter a rodela sonora...”.

Thais Matarazzo completa: “Na edição, vem corretamente ‘você não deve subir!’. No comentário de Orestes Barbosa o ‘de’ apareceu necessariamente de métrica”.

Aurora Miranda, sentada ao centro, e outras cantoras exclusivas da Odeon.
Setembro de 1933.


Com Francisco Alves, ela ainda gravaria mais uma música, o fox dos irmãos Hélio e Noel Rosa, Você só ... Mente. Mais um grande sucesso da novata cantora.

A década de 1930 foi rica em cantora com vozes maravilhosas. Basta citarmos Aracy Côrtes, Sônia Barreto, Gilda de Abreu, Zaíra de Oliveira, Odette Amaral, Dalva de Oliveira, entre outras, que tinham um grande alcance vocal. Aurora Miranda estava entre elas.

Nunca ficou à sombra de Carmen, sua irmã famosa, ou sequer foram rivais. Eram como se diz unha e carne. Melhores amigas. Ambas tinham talento e estilo próprio, basta ouvir suas gravações. Por coincidência (será que isso existe?) esses dois grandes talentos eram irmãs. Carmen foi a cantora que mais gravou durante a década de 1930 e Aurora vinha em seguida. O locutor César Ladeira colocou em Carmen o apelido Pequena Notável e em Aurora, A Outra Pequena Notável.



“AURORA : Minha irmã, que é mesmo como se fosse um raiar de sol. Se não tivesse nascido minha irmã e, sim, um homem não parente, teria sido o meu amante ideal, tal a perfeição com que nos entendemos”, assim Carmen Miranda se referia à irmã Aurora.


Aurora Miranda não só tinha uma bela voz, ela cantava com sentimento. Interpretava a música. Nisso, podemos dizer que além de cantora ela era intérprete de cada composição que gravava ou exibia. E que sentimento! Basta ouvirmos Nego, neguinho, o belo samba canção de Custódio Mesquita, ou então o samba Bibelot, de André Filho.

Ela foi uma das mais românticas cantoras de nossa MPB, mesmo cantando sambas e marchinhas.

Sua estreia no palco se deu em 15 de junho de 1933, ao lado de Francisco Alves, no saudoso Theatro Recreio, no Rio de Janeiro.

O jornal A Noite, durante as comemorações do “Mês da Cidade”, promoveu um concurso de músicas juninas. Um grande festival de encerramento se daria em 15 de junho de 1933, no Theatro Recreio, em benefício da Casa do garoto, que era destinada a amparar os pequenos vendedores de jornais. A opereta A Canção Brasileira foi apresentada, bem como a exibição de vários artistas das gravadoras Columbia, Odeon e Victor.

O final do espetáculo nos é contato por Thais Matarazzo: “Francisco Alves volta à cena para ser ouvido e aplaudido em Garimpeiro do Rio das Garças, segundo prêmio do concurso d’A NOITE, e em cena Cavando a Nota, samba de Gadé e Walfrido. Em seguida, é feita por Margot Louro a  apresentação da nova artista Aurora Miranda, irmã de Carmen Miranda, que o público conhecia através da ‘broadcasting’, mas ontem, pela primeira vez, entrava em cena.  Aurora Miranda cantou com muita graça Cabloco dos Oio Grande, canção de José Evangelista, premiada no concurso d’A NOITE e com Francisco Alves encerrando o programa da Odeon, a marcha Cae, cae balão".


A estréia de Aurora Miranda nos palcos.
Da esquerda para a direita: Francisco Alves, Aurora Miranda, Carmen Miranda, o empresário teatral Manuel Pinto, Gilda de Abreu e Vicente Celestino.
Festival d´A Noite, Theatro Recreio, 15 de junho de 1933.


O ano de 1934 foi decisivo na carreira de Aurora Miranda.

Em 21 de outubro de 1933, ela gravou acompanhada da Orquestra Odeon, a marcha Se a Lua Contasse, do então novato compositor Custódio Mesquita. Embora feita sem grandes pretensões carnavalescas, foi uma das músicas mais cantadas no carnaval de 1934. Essa era sua quinta gravação, mas ela mesmo reconhecia que fora a que a havia encaminhado na carreira artística.
“- Custódio foi muito gentil comigo ao ceder-me aquela marchinha, pois se arriscou bastante ao confiar numa cantora em início de carreira. Até hoje lhe sou grata, pois o sucesso de ‘Se a lua contasse’ também valeu muito para mim” – lembrava Aurora Miranda.

Ainda em 1934, o Rio de Janeiro seria visitado pelo astro de Hollywood Ramon Novarro, que se encantou com Aurora e a marchinha. Chegando a cantar a composição em uma apresentação.


As Irmãs Miranda.
Carmen e Aurora Miranda foram as cantoras que
mais gravaram discos durante a década de 1930.



Carmen Miranda, Custódio Mesquita e Aurora Miranda.
Custódio Mesquita foi o compositor que Aurora Miranda mais gravou.

Irmãs Miranda: Cecília, Carmen e Aurora, 1935.
Cecília cantou por um breve período no rádio.


Ainda nesse ano, Aurora excursiona com Carmen Miranda, Sônia Carvalho e Sílvio Caldas por São Paulo. Nos anos seguintes também faria excursões pelo Brasil, fazendo sucesso em Porto Alegre, e pela Argentina, onde receberia boas críticas e faria muitos fãs, ambas ficaram conhecidas como Las Hermanas Miranda.

Em 04 de setembro de 1934, Aurora Miranda gravou em parceria com o compositor André Filho a marcha Cidade Maravilhosa, da autoria do próprio André. Em um concurso, a música ficou em terceiro lugar. Porém, todos nós sabemos o sucesso que foi e ainda é essa marcha. Nos anos sessenta ela seria decretada como Hino Oficial da Cidade do Rio de Janeiro.

A interpretação de Aurora é soberba, uma garota cantando com toda a emoção sua querida cidade. Quando ela canta o final de “Cidade Maravilhosa”, esse Maravilhosa é saboreado letra por letra. Uma interpretação magnífica!
E foi com essa música e Ladrãozinho, marcha de Custódio Mesquita, que ela estreou no cinema, no filme Alô, Alô, Brasil, de 1935.



Aurora Miranda e sua fantasia para o carnaval de 1935.


Em 1936 estreou o filme Alô, Alô, Carnaval. Nele, Aurora Miranda interpretava Molha o Pano, da autoria de Getúlio Marinho e A. Vasconcelos, onde cantava e dançava acompanhada de Benedito Lacerda e seu regional. Ainda nesse filme, ela e sua irmã Carmen, protagonizaram uma das cenas mais clássicas do cinema brasileiro, o número Cantoras de Rádio. Da autoria de Alberto Ribeiro, Lamartine Babo e João de Barro, a marchinha fala dos cantores que o rádio apresenta aos ouvintes, que embalam seus sonhos por todo o Brasil. A roupa das duas foi desenhada por Carmen, e é a única vez em que vemos as duas irmãs cantando juntas. Aurora dizia que esta fora sua melhor interpretação.



A cena clássica de Alô, Alô Carnaval, de 1936.
Nós somos as cantoras do rádio.
Carmen Miranda, maestro Simon Bountman de branco e Aurora Miranda.


Cena do filme Alô, Alô Carnaval, 1936.




Gravando discos, cantando em rádios e cassinos, como o Cassino da Urca, em excursões, shows, Aurora Miranda ia lançando sucessos e ganhando fãs.

No final de 1939, quando ela cantava na Urca, o engenheiro Grabriel Alexandre Richaid frequentava o local e a admirava de longe. Um dia ele ligou para a casa de Aurora, passando um trote e marcando um encontro. Ela, com desconfiança, aceitou e foi ao encontro. Ele falou sobre suas intenções de namoro e ela aceitou sua corte. No terceiro encontro veio a proposta de casamento, mas, foi Aurora quem o pediu a mão do rapaz. E ele aceitou.

Fui eu quem pedi Gabriel em casamento e fomos felizes por 49 anos!” – dizia Aurora.


Nessa época, sua irmã Carmen estava nos EUA, se apresentando na Broadway. Aurora continua sua carreira e o namoro com Gabriel. A imprensa especulava sobre sua ida aos EUA, uma vez que sua irmã estava fazendo muito sucesso por lá.
Quando Carmen retornou ao Brasil, em 10 de julho de 1940, foi muito bem recebida no cais do porto e pela Avenida Rio Branco. Depois, teve o episódio na Urca onde ela não foi vaiada, mas, ao apresentar-se cantando em inglês para uma plateia repleta de figurões do governo que simpatizavam com os alemães e que permaneceram calados após as músicas cantadas, sem palmas nem nada. Bom, esse não era mesmo o público de Carmen Miranda, mas, isso a marcou profundamente.

Meses depois, Carmen retornava à Urca, com seu público, cantando composições novas e rebatendo as críticas de que havia se americanizado. Foi um sucesso. Mas, era tarde demais. Nossa querida sambista já tinha data certa para voltar aos EUA.
Aurora tratou de apressar o casamento, pois queria sua irmã como madrinha.

E 19 de setembro de 1940, Aurora Miranda se casou com Gabriel Richaid na Capela da Urca. Ele tinha ascendência libanesa e era natural de Cambucy (RJ) e ela natural da cidade do Rio de Janeiro. Ela passou a assinar Aurora Miranda Richaid. E, uma ousadia, casou-se com uma jaqueta dourada e uma calça escura que Carmen lhe dera de presente. E Aurora fazia questão de dizer que, mesmo com a ousadia, havia casado pura.

“Fiz questão de me casar com uma jaqueta dourada e uma calça escura  que Carmen trouxe  da América.”. Aurora orgulha-se da ousadia na época: “Não casei de véu e grinalda, mas casei pura!” - diz Aurora.

A cerimônia foi simples e a madrinha Carmen ofereceu aos noivos uma passagem para os Estados Unidos em lua de mel. E eles foram.

A partir de então, Aurora passa a deixar sua carreira em segundo plano e passa a se dedicar à vida familiar.



Aurora Miranda em seu casamento, 1940.



A sobrinha Carminha (filha de Cecília) e Aurora Miranda, em seu casamento.
1940.


Gabriel Richaid e Aurora Miranda Richaid,
recém casados, 1940.


Nos EUA, onde chegaram em 24 de fevereiro de 1941, foram recebidos por Carmen e D. Maria Emília, que passou a morar lá. Todos passaram a morar na mansão de Carmen em Bervely Hills, na 616 North Bedford Drive. A família era feliz e, embora a casa fosse de Carmen, ela a deixava aos cuidados de Aurora. Gabriel era o homem da casa. Esse lar era uma espécie de albergue para os brasileiros. Estava sempre cheio de pessoas amigas, sejam membros do governo ou brasileiros desconhecidos em férias pelos EUA. Todos eram bem recebidos.



Da esquerda pra direita:
Aloísio de Oliveira, Carmen Miranda, Aurora Miranda,
Nestor Amaral e outros componentes do Bando da Lua, casa de Carmen 1946.


Eram tempos felizes. Carmen fazia sucesso em shows e em Hollywood, sem esquecer o convívio familiar; Gabriel trabalhava como engenheiro aeronáutico, numa fábrica de aviação, chegando a trabalhar ao lado de Howard Hughes. E Aurora começava a retomar sua carreira, agora nos EUA.

Gravando discos e fazendo shows, seria inevitável que ela terminasse fazendo filmes também.

Em tempos da II Guerra Mundial, Hollywood usava a Política da Boa Vizinhança para atrair a simpatia e colaboração dos países latinos e da América do Sul. Nem sempre com bons resultados nas telas, pois, muitas vezes erravam feio nas recriações de costumes e geografia dos países retratados.

Enfocando o Brasil e outros países, Você já foi à Bahia? (The Three Caballeros), de 1944, trazia Aurora Miranda cantando Os Quindins de Yayá, de Ary Barroso, cantando e dançando ao lado de Pato Donald e Zé Carioca. Era a primeira vez que o cinema juntava atores e desenho animado.

Ela fez participações em filmes, como em Phantom Lady, de 1944, onde interpreta Estela Monteiro.

Em The Conspirators, também de 1944, ela canta O Novo Fado da Severa para Hedy Lamarr e Paul Henreid.





Mas, Hollywood não a seduzia. O que importava para ela era a família.
Em 1947 ela deu a luz a Gabriel, seu primeiro filho. Carmen foi  madrinha.
Nesse mesmo ano Carmen cometeu o grande erro de sua vida. Casou-se com quem não devia.

A partir de então, seu marido, que também era empresário, em vez de frear sua agenda de shows, aumentava a quantidade de apresentações. Aurora não se dava com ele, viviam brigando. Depois que sua filha Maria Paula nasceu, em 1949, ela insistiu com o marido para voltar ao Brasil. Gabriel, mesmo bem estabelecido, atendeu a esposa.

Em janeiro de 1952, a família Richaid retornava ao Brasil. D. Maria também veio para uma pequena estadia no Brasil, afinal todos os outros filhos e netos moravam aqui.


Aurora Miranda e seus filhos, Maria Paula e Gabriel, 1956.



Mesmo voltada à família, Aurora ainda lançou nesse mesmo ano o samba canção de Ary Barroso, Risque. A música seria um grande sucesso pouco depois, na voz de Linda Batista.

Em fins 1954, Aurora consegue trazer Carmen ao Brasil após quatorze anos. Ela vinha se tratar de uma forte depressão. Aqui, Carmen reviu amigos, família e relembrou os bons tempos do rádio. Na metade do primeiro semestre de 1955 ela voltava aos EUA e morreria repentinamente em 05 de agosto desse ano. Foi um grande baque para Aurora e toda a família. Eles trouxeram Carmen para ser sepultada aqui. Foi uma das maiores comoções que envolveu o Rio de Janeiro. Aurora ficou inconsolável.

Após isso, ela passou a se dedicar à memória da irmã. Mesmo fazendo algumas apresentações, gravando um Lp, ela foi esquecendo de sua carreira para trazer sempre viva a tragetória de Carmen.

Já idosa Aurora sempre comparecia às homenagens à sua irmã famosa e fazia amizade com os fãs de Carmen que, terminavam tornando seus fãs também.

Eu cheguei a ligar algumas vezes para conversar com ela. Sempre me atendeu com simpatia e educação. Minha amiga, a cantora Lúcia Menezes a visitou e trouxe para mim um autógrafo com desejo de feliz aniversário. Aurora morava no Leblon com a família e faleceu aos 90 anos em 22 de dezembro de 2005, no mesmo ano em que ocorreu os cinquenta anos de morte de Carmen.


Aurora Miranda em 2000.


Aurora Miranda foi uma cantora ímpar. Com muito talento e uma bela voz, não hesitou em deixar a carreira para se dedicar à família. E olha que ela viveu o que muita gente gostaria de experimentar. Foi uma das mais bem sucedidas cantoras do Brasil, frequentou as altas rodas em Hollywood, convivendo com estrelas de cinema (aliás, sua irmã era uma) e celebridades internacionais. Mas, ela sempre soube o que quis e não se iludiu com os holofotes. Sua meta era ser uma boa mãe e esposa. E ela foi. Aliás, considero Aurora Miranda uma das mulheres mais realizadas que existiu. Teve sucesso no trabalho e na vida pessoal. Fora isso, teve fãs e amigos que se encantavam com sua simpatia e generosidade.

Porém, seu trabalho como cantora não deve ser esquecido nem subestimado. É uma boa oportunidade conhecermos sua versatilidade e talento.

Então, que tal redescobrirmos Aurora Miranda?
Aguardem que vem mais Aurora por ai!


















quarta-feira, 15 de abril de 2015

GRETA GARBO - 25 ANOS DE SAUDADE




Lembro quando Greta Garbo faleceu, há 25 anos, em 15 de abril de 1990, aos 84 anos em Nova York. No ano anterior, a Rede Manchete havia passado uma maratona de filmes clássicos, entre eles, Ninotchka, que Garbo estrelou com Melvyn Douglas em 1939. Nessa época eu já havia começado minhas pesquisas na música popular brasileira e no cinema.

Eu ficava lendo sobre os filmes dos anos 30, 20 e conferindo quais artistas ainda estavam vivos. Eram muitos, Garbo inclusive. Eu ficava fascinado com sua história e querendo saber como ela estaria em mais de oitenta décadas de vida.

Quando soube de sua morte, fiquei triste. Lembro bem do dia seguinte, em que foi divulgada a notícia.

Na minha cabeça, ao ver nos jornais impressos suas fotografias, inclusive em filmes suecos do início de sua carreira, eu ficava repetindo mentalmente: “eu tive a oportunidade de alcançar essa artista ainda viva”. Tudo bem que nunca a conheci ou tive contato, mas, para um fã de cinema clássico é uma dádiva ser contemporâneo de uma estrela que admiramos.

À noite, os telejornais davam a manchete, seguido de cenas de seus filmes, inclusive um belo close de uma passagem de Gösta Berlins saga (título original em sueco), filme que ela estrelou na Suécia em 1924. Gravei alguns dessas manchetes, mas preciso descobrir onde estão as fitas.

Vinte e cinco anos após sua morte Greta Garbo ainda é a maior lenda do cinema. Existem outras estrelas tão populares como ela, mas, a aura de mistério que ela, voluntaria ou involuntariamente, criou ao seu redor ainda em vida não foi superada. Se no auge de sua carreira ela já era um mito, ao abandoná-la precocemente, foi o suficiente para expandir e solidificar essa característica.





segunda-feira, 13 de abril de 2015

FORTALEZA, 289 ANOS

Hoje, a cidade de Fortaleza, capital do Estado do Ceará, completa 289 anos.

Também conhecida como Loira Desposada pelo Sol, graças aos versos do poeta cearense Paula Ney, nossa cidade foi fundada em 13 de abril de 1726.

Nossa cidade é rica em história e cultura, mas, essas características são muito pouco valorizadas, vindo a se perder a cada ano que passa. Infelizmente, ainda não aprendemos a receber o progresso sem destruir o passado.
Mas, em homenagem a essa terra boa, eu trago duas postagens que fiz sobre Fortaleza.

A primeira, uma matéria de 1935 da revista Vida Doméstica, enfocava o o progresso de nossa cidade, mostrando ao Brasil os seus reflexos.

A segunda, publicada na revista Carioca em 1937, enfocava o Ceará sem esquecer de sua moderna Capital.

Vale a pena conferir!





domingo, 12 de abril de 2015

PROBLEMAS NOS ARQUIVOS DE SOM DO BLOG

http://hid0141.blogspot.com.br/


Minhas queridas e queridos leitores, o site onde guardo os mp3 para lançar aqui no Blog está passando por reformas (é o Divshare), por isso os arquivos de música não estão tocando.
Espero que ele normalize logo para que eu possa mostrar a vocês mais gravações de outrora.
Se alguém souber de um outro servidor, será bem vinda a sugestão.
Abraços!





sexta-feira, 10 de abril de 2015

BEATRIZ SEGALL - CILION, 1951




Na revista O Cruzeiro de 18 de agosto de 1951 encontrei essa bela foto de Beatriz Segall estrelando o comercial de CILION. 





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