sábado, 13 de julho de 2013

STEFANA DE MACEDO canta: Vancê e Tiá de Junqueira, 1929.

Stefana de Macedo, 1927.
Revista da Semana.



Stefana de Macedo, a grande cantora-pesquisadora de nosso folclore, violonista de talento, canta duas composições do célebre João Pernambuco: Vancê, toada em parceria com E. Tourinho; e Tiá de Junqueira, coco pernambucano em parceria com João Teixeira Guimarães. Em ambas, Stefana (pernambucana como o compositor) é acompanhada pelos violões de João Pernambuco e Zezinho (José Carioca).

Disco Columbia 5.127B
Matriz 380443 (Vancê) e 380448 (Tiá de Junqueira)
Gravado em 30 de setembro de 1929 e lançado em dezembro desse ano.

Lembrando que nessa época os discos Columbia tinham a mesma numeração para ambos os lados, diferenciando as músicas pelos três últimos números da matriz.
Ex: Vancê - 5.127B443 / Tiá de Junqueira 5.127B448



VANCÊ


Onde é que vancê se encontra
Que percuro se lhe vê
Por todos lugare busco
Desde manhã ao lusco-fusco
Onde se esconde vancê?

Te busquei pela cidade
pul´as casa de sapê
atravessei os riacho
no lombo dos burro macho
Mas, cadê vancê, cadê?

É vancê a flor do jambo
Os toucinho dos dendê
E as manga, os juá e as água
Mata a sede e mata as mágua
Que eu tenho e que ninguém vê.

É vancê os vale frescos
Das horas do entardecer
Na sua carne cheirona
da uirapuru do Amazonas
achega entontecer.

Quantas muié me quiseru
Quantas muié que eu deixei
Não gostei, não fui gostado
E meu coração, coitado
Só gosta só de vancê.

Vancê é tudo o que eu quero
Tudo o que eu quisera ter
As sombra boa dos mato
As frescura dos regato
Mar-me-quer e bem querê

Não me percure lá fora
É em vão vancê não me vê
Estou na sua arma inquieta
Na sua arma de poeta
No coração de vancê



TIÁ DE JUNQUEIRA


Da Bahia me mandaro, oh Tiá
Um Tiá de Junqueira
Oi, Tiá, Tiá, Tiá
É o Tiá de Junqueira, oh Tiá

Agora vô lhe assustá, oh Tiá
Cantadô José Remundo, oh Tiá
Qual é a coisa pio, oh Tiá
que Deus boto nesse mundo, oh Tiá?

Cantadô sem piscá ôio, oh Tiá
Eu vô já lhe arrespondê, oh Tiá
É muié que engana o home, oh Tiá
Sem o marido sabê, oh tiá

Em riba daquele morro, oh Tiá
Mora um velho gaiolêro, oh Tiá
Quando vê moça bonita, oh Tiá
Faz gaiola sem poleiro, oh Tiá

Moça bonita é veneno, oh Tiá
Mata tudo o que é vivente, oh Tiá
Embriaga as criatura, oh Tiá
Tira a vergonha da gente, oh Tiá

Eu fui lá não sei aonde, oh Tiá
Visitá não sei a quem, oh Tiá
Fiquei todo num sei como, oh Tiá
Morrendo num sei pru quem, oh Tiá.







Agradecimento ao Arquivo Nirez





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