quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Rythmo do Coração


A bela cantora Alzirinha Camargo, paulistana do Brás, nos apresenta o samba de Benedicto Lacerda e Herivelto Martins, Ritmo do Coração.

Alzirinha é acompanhada pelo Conjuncto Regional de Benedicto Lacerda, em gravação de 15 de outubro de 1936, disco lançado em novembro. Disco Odeon 11410-B, matriz 5420.

Alzirinha começou na Rádio Record e Difusora, de São Paulo, indo depois fazer carreira de sucesso no Rio de Janeiro.









domingo, 10 de janeiro de 2010

MULHER ENIGMA - 1929




Valsa lenta inspirada no filme de Lia Torá Mulher Enigma, da Fox Film.
Letra de Olegário Mariano e melodia de J. (James) Harrison que, na verdade, foi o pseudônimo usado por Pedro de Sá Pereira para que se pensasse ser de um autor americano e uma versão de Olegário Mariano.

Abel Cardoso Junior afirmou que essa valsa foi encomendada para fazer a divulgação do filme, que era mudo e, dessa forma, poderia ser executada durante sua exibição na tela.
Francisco Alves fez duas gravações. Uma na Odeon, disco nº 10.372-A e outra na Parlophon, disco nº12.946-A.

Francisco Alves foi o único cantor na história da MPB que concorria consigo mesmo. Na Odeon, os selos dos discos traziam o nome “Francisco Alves” e, como ele estava sob contrato exclusivo, mas, gravava na Parlophon, essa imprimia o nome “Chico Viola” em seus selos de discos. Dessa forma, como o cantor era o mais querido de sua época, seus discos disputavam entre si as vendagens.
As duas versões foram lançadas em maio de 1929. Na gravação Parlophon, ele canta todos os versos do poema.


Versão Parlophon
Acompanhamento da Orchestra Parlophon



Versão Odeon
Acompanhamento da Orchestra Rio Artists




Todo amor de mulher
de um mistério é que vem
Não é difícil querer
O que custa é querer bem

Bem sei que me enganaste
mas eu só quis foi esconder
do amor que confessaste
o amor que eu podia ter

Porque o amor é sempre assim
Um triste fim
Um triste fim sem ter razão
Miragem que encanta
Ilusão que nos desencanta
o coração

Que importa que algum dia
eu venha a perceber
que tudo foi fantasia
Basta que eu possa ter
para te trazer
na palma da minha mão
uma gota de sangue
do meu coração




Agradecimentos ao Arquivo Nirez, Diego Nunes e Abel Cardoso Junior (In Memorian).

Letra de Mulher Enigma tirada de "Francisco Alves - As Mil Canções do Rei da Voz", de Abel Cardoso Junior.






sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

SEGREDO






Teu mal
É comentar o passado
Ninguém precisa saber
O que houve entre nós dois
O peixe é pro fundo das redes
Segredo é pra quatro paredes
Não deixe que males pequeninos
Venham transtornar os nossos destinos
Primeiro é preciso julgar
Pra depois condenar

Quando o infortúnio nos bate a porta
E o amor nos foge pela janela
A felicidade para nós está morta
E não se pode viver sem ela
Para o nosso mal
Não há remédio, coração
Ninguém tem culpa da nossa desunião.


Gravação de Dalva de Oliveira em 06 de maio de 1947.
Da autoria de Herivelto Martins e Marino Pinto. Disco Odeon nº 12.792-A.






quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

BISCOITOS AYMORÉ

Revista Vida Doméstica, Janeiro de 1935

(Grafia e acentuação originais da época)

Biscoitos Aymoré

25 TYPOS
Á SUA ESCOLHA

Agua
Alphabeto
Champagne
Chá Rico
Chocolate
Chocolate-Creme
Coco
Combinação
Cream Crackers
Digestyvos
Ginger Nut
Indigenas
Leite
Luzitanos
Maisena
Marie
Mel
Perolas
Petit-Beurre
Sortidos
The Dansant
Trigo e Araruta
“31”
Zoologicos

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

TUDO É BRASIL

"Ao 'Jornal das Moças' á (sic) simpatia de Linda Baptista"

Linda Baptista, Rainha do Rádio por onze anos consecutivos (1937 a 1948),
deixou gravações belíssimas.


Tudo é Brasil
Bela valsa de Vicente Paiva e Sá Róris.
Linda gravou na Victor em 13 de março de 1941,
sendo acompanhada de Garoto e seus Garotos.





Eu Fui à Europa
Samba Choro de Chiquinho Sales.
Gravação de 10 de junho de 1941.
Acompanhamento da Orquestra Diabos do Céu.
Disco Victor 34.785-A.





A Cobra Está Fumando
Quando foi declarada a II Guerra Mundial, em 1939, havia um ditado entre nós que dizia: "É mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na Guerra".
O Brasil entrou na Guerra... Isso se deu em 22 de agosto de 1944. A FEB (Força Expedicionária Brasileira) adotou como lema a frase "A Cobra Está Fumando", em alusão ao ditado.
Marcha de Benedicto Lacerda e Haroldo Lobo. Gravação de 06 de novembro de 1944.
Disco Victor 80-0248-B.





Amélia na Praça Onze
Samba Choro de Herivelto Martins e Cícero Nunes.
Gravação de 27 de fevereiro de 1942.
Acompanhamento de Luis Americano e seu Regional.
Disco Victor 34.921-B.





Salve a Batucada
Samba de Chiquinho Sales, Bucy Moreira e Carlos de Souza.
Gravação de 11 de maio de 1942.
Disco Victor 34.939-B








Linda, na verdade Florinda Grandino de Oliveira, não foi apenas uma de nossas maiores vozes. Era uma das mais belas cantoras de seu tempo. Seu pai era o famoso ventríloquo Baptista Júnior, que também gravou discos. Suas irmãs, Odete e Dirce, também seguiram carreira artística, mas, somente Dirce, ou Dircynha Baptista continuou, com bastante sucesso.
Agradecimentos ao Arquivo Nirez.






Pérolas Musicais 2

No capítulo 02 da minissérie Dalva e Herivelto - Uma Canção de Amor, tivemos mais canções que marcaram época.


Nada Além - Fox Canção de Custódio Mesquita e Mário Lago. Gravação de Orlando Silva, na Victor, em 11 de maio de 1937.





Perfídia - Fox de Alberto Dominguez em versão de Lamartine Babo. Gravação de Francisco Alves, em 1941.







ADEUS ESTÁCIO

Samba de Benedicto Lacerda e Gastão Viana, gravado pelo Trio de Ouro em 08 de dezembro de 1938, sendo acompanhado pelo Grupo da Odeon. Disco Odeon nº 11696 B, Matriz 5989.




Adeus Estácio, adeus
Eu vou partir
Adeus Mangueira, adeus Catumbi
Adeus Salgueiro, adeus minha Favela
Vai dizer à minha amada
Que eu parto pensando nela

Vou pra cidade
Vou bancar o granfino
Trocar o samba
Pelo tango do Cassino
Se por acaso
O ambiente não me agradar
Vocês tenham paciência
Mas eu tenho que voltar
(Adeus)




BRASIL!...

Dalva de Oliveira e Francisco Alves, a Rainha e o Rei da Voz, gravaram Brasil!..., belo Samba Hino de Benedicto Lacerda e Aldo Cabral, em 16 de setembro de 1939. São acompanhados pela ótima flauta de Benedicto Lacerda e seu grande Regional.

Foi um dos sambas ufanistas que faziam a propaganda do Estado Novo. Na partitura, os autores dedicam "à Mme. Alzira Vargas do Amaral Peixoto - símbolo vivo de uma brasilidade sã - esta produção (exaltação sonora do patriotismo que incentiva quarenta e cinco milhões de brasileiros para a marcha brilhante do futuro), oferecem-na seus modestos autores. Rio 1º 9. 39.".

Alzirinha Vargas, como também era conhecida, era a filha do então presidente Getúlio Vargas. Ela era amiga de alguns artistas, como os rapazes do Bando da Lua, o grupo vocal que fez carreira nos EUA ao lado de Carmen Miranda.




Brasil, és no teu berço dourado
um índio civilizado
e abençoado por Deus
Brasil, gigante de um continente
és terra de toda gente
e orgulho dos filhos teus

Tudo em ti nos satisfaz
Liberdade, amor e paz
no progresso em que te agitas
Torrão de viva beleza
de farturas, de riquezas
e de mil coisas bonitas
E porque tu tens de tudo
Porque te conservas mudo
na tua modéstia imerso
meu Brasil,eu que te amo
neste samba te proclamo
Majestade do Universo!


DOIS CORAÇÕES

Samba de Herivelto Martins e Waldemar Gomes.

Dalva de Oliveira e Francisco Alves gravaram na Odeon em 29 de maio de 1942, sendo acompanhados pelo Conjunto Odeon. Disco nº12.173-B, Matriz 6980.



Quando dois corações se amam de verdade
Não pode haver no mundo maior felicidade
Tudo é alegria, tudo é esplentor!
Que bom que não seria se eu tivesse um amor!

Eu sou o poeta que canta à lua quarto-crescente
sozinho, sem vida, descrente
Lua Cheia, onde estás que não clareias
este triste coração, vazio caramanchão?


terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Pérolas Musicais 1

Francisco Alves, o Rei da Voz

A trilha sonora do primeiro capítulo de Dalva e Herivelto - Uma Canção de Amor, foi caprichada. Várias pérolas de nossa música foram apresentadas, com belas vozes, interpretações e acompanhamentos.


Linda Flor - Gravação de Vicente Celestino de 1928.






Jura!... - Gravado por Aracy Côrtes em 1928.





Yayá (Ai, Yoyô) - A gravação de Aracy Côrtes foi lançada em janeiro de 1929.





Acorda Escola de Samba - Bela interpretação de Sylvio Caldas em gravação de 1936.




Agora é Cinza - Mário Reis gravou esse clássico em 1933.





Opinião de Mulher - A grande Aracy de Almeida gravou esse samba em 1937.





Tem Dó - Gravação do conjunto vocal Anjos do Inferno lançada em janeiro de 1943.





Ai Que Saudades da Amélia - Gravação de Ataulpho Alves de 1941





Beija-me Muito - Gravação de Francisco Alves de 1943.









Agradecimento ao Arquivo Nirez.








Estrelas retratadas


A minissérie Dalva e Herivelto - Uma canção de Amor, citou e mostrou algumas estrelas internacionais.






Dalva fazia imitação de Dorothy Lamour, a Garota do Sarongue. Dorothy foi um dos grandes nomes de Hollywood, estrelando filmes como O Furacão, de 1937.




















Outra estrela apresentada rapidamente, no Cassino da Urca, foi Josephine Baker. A cantora americana, naturalizada francesa, foi um dos maiores nomes da musica mundial a partir da década de 1920. Josephine ousou ao se apresentar, no início do século passado, usando apenas com um saiote de bananas.

Era uma das principais atrações das melhores casas de shows do mundo.

Esteve aqui no Brasil várias vezes. Uma delas, em 1929 ficou encantada com nossa cantora Aracy Côrtes e seus sambas; aplaudindo Aracy anos depois, em Paris.

Em 1939, fez temporada no Cassino da Urca, ao lado de Grande Othelo, cantando músicas do repertório de Carmen Miranda, que já estava nos EUA.
Entre as músicas que Josephine gravou está O Que é Que a Baiana Tem?, de Dorival Caymmi, com o título de Baiana.








Dalva e Herivelto: Os anos 30

No começo de sua carreira, Herivelto Martins fez parte do Conjunto Tupy, liderado por J. B. de Carvalho.

Eles gravavam musicas de umbanda e folclore.
Participavam também as cantoras Yolanda Osório e Zaíra de Oliveira, e o cantor Francisco Sena.

Com Francisco formou a Dupla Preto e Branco, em 1933. Com a morte do amigo, Herivelto conheceu o cantor Nilo Chagas e com ele formou a nova Dupla Preto e Branco.




Yolanda Osório e Herivelto Martins, início dos anos 30.

Entre os sucessos do Conjunto Tupy está Cadê Vira-Mundo.
Esse batuque de J. B. de Carvalho fez tanto sucesso que foi gravado por Xavier Cugat.
O pesquisador Abel Cardoso junior afirmava também que havia sido incluso em um filme norte americano.


Com Nilo Chagas e a cantora Dalva de Oliveira, Herivelto formou o Trio de Ouro. A primeira gravação do conjunto foi o batuque indígena Itaquari e a marcha sinfônica Cecy e Pery, em 1937.
Essa marcha foi feita com alguns trechos da melodia de Il Guarany, de Carlos Gomes.
Dalva de Oliveira brilha no contracanto melódico.


Ouçam:
Cadê Vira-Mundo - Batuque de J. B. de Carvalho - Gravado na Victor pelo Conjunto Tupy em 08 de julho de 1931.




Quatro Horas - Samba de Francisco Sena e Herivelto Martins - Gravado na Odeon pelos autores, a primeira formação da Dupla Preto e Branco, em 22 de março de 1934.




Itaquary - Batuque Indígena de Príncipe Pretinho - Gravação Victor do Trio de Ouro, acompanhados dos Boêmios da Cidade, em 01 de julho de 1937. É o lado A de Cecy e Pery.




Cecy e Pery - Marcha Sinfônica da autoria de Príncipe Pretinho, sob motivos melódicos da ópera Il Guarany, de Carlos Gomes. Gravação Victor do Trio de Ouro, acompanhados dos Boêmios da Cidade, em 01 de julho de 1937.





Agradecimentos ao Arquivo Nirez.






Dalva e Herivelto - Uma Canção de Amor


Ontem, dia 04 de janeiro, estreou a minissérie Dalva e Herivelto - Uma Canção de Amor.

Um primor de produção e interpretações. Adriana Esteves interpreta Dalva e prova, mais uma vez, ser uma grande atriz; desempenhando com louvor papéis cômicos e dramáticos. Sua Dalva tem carisma e encanta. Fábio Assumpção, como Herivelto, não fica atrás. é um ótimo ator que se entrega ao personagem com paixão e intensidade.

A produção caprichou na reconstituição dos anos 30. Faço poucas observações, mas, entendendo que não se trata de um documentário. Em 1925, a música Meiga Flor ainda não havia sido lançada. Só em 1928 é que surgiria Linda Flôr, que seria a primeira versão de Meiga Flôr e, posteriormente, Yayá (Ai, Yoyô). Não creio que tenha sido descuido, e sim, uma licença poética. Muito bem empregada, por sinal! Dalva seguiu a escola de canto de Aracy Côrtes, usando sua voz de soprano para cantar música popular como também faria Odette Amaral, contemporânea das duas; e o carro-chefe de Aracy era justamente Ai, Yoyô.

Gostei de ver um destaque ao cantor Nilo Chagas, em uma boa interpretação de Maurício Xavier.

Senti falta, mas por ser fã, da menção ao Conjunto Tupy, do qual Herivelto fez parte no começo dos anos 30, ao lado de J. B. de Carvalho, Yolanda Osório, Zaíra de Oliveira e Francisco Sena. Esse conjunto era especializado em interpretar músicas de umbanda, um maravilhoso material! Mas, entendo que nem todas as informações cabem em uma história, haveriam muitos focos.

Os shows estão lindos e é MARAVILHOSO ouvir Música Popular Brasileira como tema central em uma superprodução. As chamadas da minissérie, ao som de Adeus Estácio, já são antológicas. A regravação das músicas, respeitando os arranjos originais, estão perfeitas. Em alguns momentos, confundem-se com as gravações dos anos 30, de tão esmeradas. Fábio Assumpção mostra ter bela voz e, se não explorou o lado ator-cantor, deveria fazê-lo. A cantora que dá voz à Dalva (no qual Adriana faz a dublagem) tem semelhanças com nossa Diva e possui uma linda voz, ao estilo das cantoras da época. E volto a mencionar Meiga Flôr, cuja voz e interpretação da garotinha está muito bonita. linda voz!

Muito emocionante os pequenos e grandes detalhes, como a aparição da famosa Josephine Baker e a participação, na história, de Linda e Dircynha Batista, Francisco Alves, Benedicto Lacerda, Grande Othelo, só para citar alguns. A caracterização de Cláudia Netto, como Linda Batista impressiona, devido à semelhança.

A minissérie estreou agradando em cheio e promete mais emoções no decorrer da semana.

Aguardamos ansiosos!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Dalva e Eu.

Em 1988 ganhei de meus pais o LP Revivendo Dalva de Oliveira e Roberto Inglez, com gravações de Dalva feitas em Londres. A partir de então minha vida nunca mais foi a mesma.
A voz da cantora, o estilo das músicas e aquele som característico mudaram completamente meu modo de entender e sentir música. Guardei os Lps de Cindy Lauper e Michael Jackson e mergulhei na MPB dos anos 50. Fui criando um mundo mágico, onde as vozes de ouro me embalavam. Minha curiosidade levou-me a tomar contato com os anos 40, 30 e, cada vez que eu voltava no tempo, mais me identificava com os intérpretes e as músicas. Dos anos 20 e 10 eu cheguei à Belle Époque e, depois, conheci a MPB da época do Império. Eu havia me encontrado.
Era um sentimento que eu sempre buscava ao ouvir a música POP dos anos 80 e não encontrava totalmente. Não que ela fosse ruim, ao contrário, era excelente. Até hoje admiro Cindy Lauper. Mas, minha alma é totalmente tomada pela música dos anos 40 até o Império. Dalva abriu esse portal de conhecimentos.
Hoje, sou pesquisador musical, ator e jornalista graças aquele LP de 22 anos atrás. Estou muito contente de um grande nome da MPB, que iniciou carreira nos anos 30, seja relembrado com uma bela divulgação na mídia.Quando comecei a pesquisar, aos 13 anos em 1988, eu era visto como um ser esquisito; pois, não se admitia um adolescente ser fã de cantores “antigos”.
Atualmente, tudo mudou e fico feliz de ver, cada vez mais, surgirem jovens pesquisadores desempenhando um trabalho sério. Tenho um blog onde enfoco as atrizes-cantoras do Teatro de Revista e da MPB do período de 1859 aos anos 1940.
À Dalva, meu carinho e admiração eterna.

Dalva de Oliveira - A Rainha da Voz!

Hoje, dia 04, estréia na Rede Globo de Televisão a minissérie Dalva e Herivelto - Uma Canção de Amor.
A série enfocará a vida da cantora Dalva de Oliveira e seu relacionamento com o compositor e cantor Herivelto Martins. Dalva era considerada Rainha da Voz.
Não será um documentário; será baseado em fatos reais, com licenças poéticas.
É muito bom ver o nome de uma das grandes cantoras do Brasil, que iniciou carreira na década de trinta, do século passado, ser relembrado em uma grande produção.
Assim como Dalva e Herivelto, seus colegas também serão revividos, como Francisco Alves, Nilo Chagas, Linda Batista, Dircinha Batista, Emilinha Borba, Dercy Gonçalves, Grande Othelo, para citar alguns. A minissérie será em cinco capítulos.
Nessa semana o blog mergulhará no clima musical dos anos trinta e quarenta, revivendo os sucessos apresentados na série em gravações originais, com fotografia dos artistas e outras novidades.
Aproveitem!!

Três Amigas Centenárias.




Uma rara foto onde aparecem três das nossas homenageadas de 2009, que completariam 100 anos.
Noite de quarta-feira, 14 de maio de 1930, às 21 horas. Festa litero-musical realizada no Palácio Theatro em homenagem à Marina Torre, eleita Miss Rio de Janeiro.

Da esquerda para a direita, sentadas: as amigas e cantoras Olga Praguer Coelho, Elisa Coelho e, segurando seu braço, sua futura comadre Carmen Miranda. Ainda vemos a primeira repórter do Brasil e feminista Eugênia Álvaro Moreyra e nossa graciosa estrela de cinema Thamar Moema.

Carmen Miranda cantou P´ra Você Gostar de Mim, Quero Casar Com Você, Gostinho Diferente e Moreno Bonito; sendo acompanhada ao violão por Rogério Guimarães e Josué de Barros.

Em pé, da esquerda para a direita: o poeta, cronista, jornalista( e esposo de Eugênia) Álvaro Moreyra, o cantor e futuro militar Breno Ferreira, os violonistas Pery Cunha e Rogério Guimarães (também compositor e diretor artístico da gravadora Victor, no Brasil), o poeta Olegário Mariano, o barítono Sylvio Vieira e um senhor que não foi identificado.

Ouçam algumas músicas dessa memorável noite, na voz de Carmen Miranda:


P´ra você gostar de mim



Eu quero casar com você



Gostinho diferente



Moreno bonito







Agradecimentos ao Arquivo Nirez.






sábado, 2 de janeiro de 2010

Centenárias de 2009!!

Em 2009 tivemos várias cantoras que, se vivas fossem, completariam cem anos. Carmen Miranda é a mais famosa e conhecida delas. Mas, as outras não são menos importantes que a nossa querida Pequena Notável.
Farei um breve comentário sobre cada uma. Olhar particular de quem conheceu e teve um breve contato com duas delas.

Elisa Coelho - 100 Anos!

Elisa Coelho


A “Criadora de um cantar todo seu”, segundo Orestes Barbosa, foi um dos jovens talentos que surgiram no ano de 1930, como Yolanda Osório, Laura Suarez, Ita Cayubi e Sylvio Caldas.

Elisinha, como era carinhosamente chamada, nasceu em Urugaiana, no Rio Grande do Sul, em 01 de março de 1909 e era filha de militar. Começou a gravar em 1930 e, nesse mesmo ano, excurcionou pelo Nordeste ao lado do compositor Hekel Tavares, interpretando suas composições.

Eu começei a falar com Elisinha, por telefone, por volta de 1998, e, até 2001, mantivemos um gratificante contato. Ela me contava as histórias do tempo em que era cantora e lembrava personalidades que havia conhecido e que eu era admirador. Várias vezes me emocionei, chegando às lágrimas, quando ela, mesmo aos 91 anos, cantava especialmente para mim. Eu escolhia o repertório e D. Elisinha (como eu a chamava) ia cantando: No Rancho Fundo, Praga, O que foi que eu fiz?...

Ela foi a primeira pessoa a gravar No Rancho Fundo, em 1931. Ary Barroso, que era muito seu amigo, foi até sua casa exigir que ela fizesse a gravação, segundo o pesquisador Abel Cardoso Junior.

Ela era muito atenciosa e cativante.

Perdemos contato em meados de 2001. Em agosto, soube que ela havia falecido nesse mesmo mes.





Ouça Elisa Coelho:

Yayazinha - Samba de Plínio Brito. Elisinha Coelho gravou na Victor em 1930, sendo acompanhada por Rogério Guimarães e Jacy Pereira, nos violões.




Ciúme de Cabôca
- Toada de Josué de Barros. Elisa Coelho gravou em 1930 na Victor, sendo acompanhada por Rogério Guimarães e Jacy Pereira, nos violões.




No Rancho Fundo

- Samba-Canção de Ary Barroso e Lamartine Babo. Elisa gravou em 1931 na Victor, sendo acompanhada por piano e violões.





Agradecimento ao Arquivo Nirez.






Olga Praguer Coelho - 100 Anos!


OLGA PRAGUER COELHO
O Violão, 1929
Arquivo Nirez




Em 2005, tive a grata satisfação de conhecer pessoalmente Olga. Foi um momento mágico, sem ter medo de parecer piegas com essa afirmação.

Ao ver, frente a mim, aquela senhora de cabelos brancos e porte elegante eu perdi a voz, literalmente. Fiquei de boca aberta e hipnotizado, tendo consciência de que eu estava diante de uma lenda viva da música mundial e que estava fazendo um papel esquisito.

Ela me olhava sem entender nada, sem saber o porquê de minha mudez. Depois, recuperei os sentidos e tivemos uma gostosa conversa sobre música popular brasileira e suas personalidades dos anos 20.





Olga foi uma das principais intérpretes de nossa música brasileira e uma das melhores pesquisadoras/cantoras de nosso folclore. Ao lado de Elsie Houston, Stefana de Macedo, Helena de Magalhães Castro, Amélia Brandão Nery, Celeste Leal Borges e Jesy Barbosa foi uma das pioneiras pesquisadoras e divulgadoras do folclore brasileiro no Brasil e no Mundo ainda nos ano 20 do século passado.
Olga Praguer Coelho nasceu em 12 de agosto de 1909, em Manaus, Amazonas, e faleceu em abril de 2008, meses antes de completar 99 anos de idade.





Na década de 1940, Olga Praguer Coelho foi considerada a maior violonista do mundo. Nessa época ela estava casada com seu segundo marido, o também violonista Andrés Segovia.



Ouçam Olga Praguer Coelho:



Róseas Flores - Modinha Popular. Arranjo e adaptação de Olga Praguer Coelho. 
Acompanhamento de Rogério Guimarães e João Nogueira (Violões). 
Olga gravou na Victor em 1935.




Tyrana - Canção Popular. Arranjo e adaptação de Olga Praguer Coelho. 
Acompanhamento do Conjunto Típico RCA Victor. 
Olga gravou em 1936, na Victor.




Mulata - Modinha do Século XIX, autoria de Gonçalves Crespo. 
Olga Praguer Coelho adaptou essa versão. 
Acompanhamento de Pereira Filho e Luiz Bittencourt (Violões) 
Gravação Victor de 1936. 
Essa modinha foi muito gravada a partir de 1902, devido o seu grande sucesso.




Estrela do Céu
- Macumba do Norte, tema popular. Adaptação e arranjo de Olga Praguer Coelho. Acompanhamento do Conjunto Típico Victor. gravação Victor de 1936. 
Embora Católica Apostólica Romana (como ela mesma me afirmou), Olga era uma grande estudiosa das Religiões Afro-Brasileiras. 
Como Elsie Houston, Conjunto Tupy (e depois J. B. de Carvalho sozinho) e Moreira da Silva, ela gravaria lindos Pontos de Santos.




Azulão
- Canção Popular, adaptação de Jayme Ovalle. 
Olga Praguer Coelho gravou essa linda canção nos anos 1940, em Nova Yorque.








Agradecimentos:
Arquivo Nirez e Thais Matarazzo.
Foto de Olga já idosa: Acervo Marcelo Bonavides.






Laura Suarez - 100 Anos!

Laura Suarez



A carioca Laura Suarez foi eleita Miss Ipanema em 1929. O acontecimento foi filmado e ainda existe o registro. Apesar de ser uma das mulheres mais bonitas de seu tempo, Laura buscou outros caminhos e também abraçou as carreiras de atriz, cantora e compositora. Foi feliz em todas elas. Já em janeiro de 1930 seu primeiro disco chegava às lojas com duas toadas de sua autoria: Moreno, meu bem e Coco de Pagu. Ao lado do maestro Henrique Vogeler, autor de Linda Flor (Ai, Yoyô), compôs quatro composições, entre elas as belas Os olhos de você e Romance.






Sua discografia foi feita toda na gravadora Brunswick entre 1930 e 1931.

Atuou no teatro em peças como Yára, de 1933, ao lado de Zezé Fonseca e Roberto Vilmar.

Nesse mesmo ano ela se casou com Willian Melniker, diretor geral da Metro-Goldwyn-Mayer na América do Sul.

O acontecimento foi de forma simples, voltado para a intimidade da família.


Em 1933 a revista Vida Moderna assim descrevia Laura: “Uma voz branda e quente, com qualquer coisa de preguiçoso, voz que parece provocar lassidões, que tem a virtude de perturbar e que desperta a vontade de sonhar.”.

Laura Suarez nasceu em 21 de novembro de 1909 e faleceu em 1990, no Rio de Janeiro.

Entre seus filmes, está 24 Horas de Um Sonho (1941), onde aparece ao lado de Sarah Nobre (a direita). Elas foram dirigidas por Chianca de Garcia.

Laura também participou da telenovela Te Contei?, direção de Dennis Carvalho e escrita por Cassiano Gabus Mendes. Foi exibida em 1978 pela Rede Globo de Televisão.


Ouça Laura Suarez.

Você... você - Samba da autoria de Laura Suarez, gravado por ela em 1930, na Brunswick.




Velha Canção - Canção da autoria de Laura Suarez e Henrique Vogeler.
Laura gravou em 1930, na Brunswick.




Os Olhos de Você - Canção da autoria de Laura Suarez e Henrique Vogeler.
Laura gravou em 1930, na Brunswick.




Viver é Isso - Canção da autoria de Laura Suarez e Henrique Vogeler.
Laura gravou no final de 1930, na Brunswick.




Romance - Canção da autoria de Laura Suarez e Henrique Vogeler.
Laura gravou em 1931, na Brunswick.




Agradecimentos:
Arquivo Nirez, Adilson Marcelino e Thais Matarazzo






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